Protesto “global” contra as Farc não alcança objetivos
/ segunda-feira 4 de fevereiro de 2008
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A exemplo da quase totalidade da grande imprensa controlada por empresários direitistas da América Latina, o site das organizações Globo também se engajaram na campanha promovida pelos governos de Uribe e Bush contra as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Em manchete na página principal do seu site, o Globo disse que ’’milhões’’ de colombianos marcharam contra as Farc. A manchete foi desmentida já na própria matéria que reconhece que apenas 50 mil colombianos participaram dos protestos em Bogotá, capital do país.
Página mantida e gerida pela Associação Vermelho, entidade sem fins lucrativos, em convênio com o Partido Comunista do Brasil
Sob o lema ’’um milhão de vozes contra as Farc’’, o protesto foi convocado pelo site de relacionamentos Facebook por um grupo de jovens da elite colombiana, simpáticos aos grupos paramilitares.
A convocação por um ’’milhão’’ de vozes ganhou adeptos entre militantes de direita de diversas cidades no mundo e colombianos residentes no exterior. Mas o alcance da iniciativa ficou muito longe do previsto: o site registrou a adesão de apenas 250 mil simpatizantes no mundo todo, um quarto da meta inicial.
O fracasso só não foi maior porque contou com a adesão estridente de centenas de grandes meios de comunicação de vários países, que apoiaram e divulgaram o movimento. A cobertura feita pelas agências de notícias e grandes portais deixa claro este apoio.
A exemplo da quase totalidade da grande imprensa controlada por empresários direitistas da América Latina, o site das organizações Globo também se engajaram na campanha promovida pelos governos de Uribe e Bush contra as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Em manchete na página principal do seu site, o Globo disse que ’’milhões’’ de colombianos marcharam contra as Farc. A manchete foi desmentida já na própria matéria que reconhece que apenas 50 mil colombianos participaram dos protestos em Bogotá, capital do país.
Em Bogotá, grupos de pessoas se reuniram em diversos locais com camisetas brancas com os dizeres ’’A Colômbia sou eu’’ no peito e ’’Chega de sequestros, chega de mentiras, chega de mortes, chega de Farc’’, nas costas.
Parentes de 44 reféns que a guerrilha pretende trocar por cerca de 500 militantes presos preferiram não participar dos protestos. Muitos criticaram a ’’politização’’ do movimento (em prol do governo Uribe) e temem que este tipo de iniciativa coloque em risco as negociações que as Farc travam com interlocutores internacionais para libertação de reféns em poder dos guerrilheiros.
O partido de esquerda colombiano Pólo Democrático Alternativo, sindicatos importantes do país e as principais associações de direitos humanos da Colômbia também se negaram a participar da marcha direitista e decidiram utilizar a jornada para pressionar por um acordo humanitário, pelo fim da guerra e pela suspensão dos seqüestros.
O presidente do Pólo, Carlos Gaviria, disse que condenar frontalmente as Farc na atual conjuntura não contribui para a libertação dos reféns, alguns dos quais há mais de dez anos em cativeiro.
Algumas organizações sociais tanto na Colômbia como de outros países afirmam que a manifestação deveria ser contra todos os grupos violentos do país, incluindo os paramilitares.
As FARC são uma organização guerrilheira colombiana, que surgiu em 1964, de ideologia marxista-leninista e que tem entre 12.000 e 17.500 membros.
As manifestações se realizaram em meio a um novo anúncio das Farc, que prometeram libertar os ex-congressistas colombianos Gloria Polanco de Lozada, Luis Eladio Pérez e Orlando Beltrán, seqüestrados em 2001.
Eles devem ser entregues ao presidente venezuelano Hugo Chávez e à senadora colombiana Piedad Córdoba, ou a ’’quem eles indicarem’’, de acordo com as Farc.
Os congressistas fazem parte do grupo de 43 reféns que as Farc consideram passíveis de troca, e que inclui a ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt.
O governo da Venezuela já deu início à gestão de libertação dos reféns que poderia repetir a mesma estratégia utilizada em janeiro, quando foram libertadas Clara Rojas e Consuelo González de Perdomo.
Por meio de um comunicado emitido na noite de domingo, o governo de Chávez descreveu o anúncio das novas libertações como um gesto de ’’boa vontade’’ da guerrilha.
’’Toda a Venezuela valoriza o fato de que as Farc continuem motivadas para alcançar um acordo humanitário que constitui um passo firme e definitivo para a paz na Colômbia e em toda a região’’, diz o comunicado.
O governo da Colômbia já deu o aval para a realização do resgate e disse que dará todas as garantias para que uma operação humanitária coordenada por Chávez liberte os três ex-congressistas.
Ainda sem data marcada, o resgate poderá ocorrer em meio à pior crise diplomática entre os governos da Venezuela e da Colômbia.
No domingo, Chávez disse que o governo colombiano estaria preparando uma agressão militar contra a Venezuela, razão pela qual as tropas venezuelanas já estariam em alerta.
O presidente venezuelano afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua colega argentina, Cristina Kirchner, ’’estão preocupados’’.
Da redação,
com agências