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Na Colômbia
Camponeses assassinados por reclamarem as suas terras
Agencia Prensa Rural / sexta-feira 27 de fevereiro de 2009 / Español
 

A Consultadoria para os Direitos Humanos e Deslocados (Codhes), a Mesa Nacional Camponesa e outras organizações sociais denunciaram o assassinato de vários líderes camponeses da região de Urabá, no noroeste colombiano, por reclamarem as suas terras.

Desde Julho de 2008 até à data, foram assassinados quatro camponeses, deslocados desta zona (situada entre Antioquia e Chocó), por paramilitares que operam ali, conhecida como uma das regiões mais atingidas pela onda paramilitar encabeçada por Rito Alejo del Río, o então comandante da XVII Brigada do Exército Nacional.

Em Urabá contrastam as condições precárias de trabalhadores agrícolas e camponeses de pequenas parcelas, com o latifúndio ganadeiro e a indústria da banana. Ali mesmo ocorreram massacres como os de Bajo del Osos (Apartadó, 25 mortos), La Chinita (Apartadó, 35 mortos), entre muitos outros ocorridos nesta região.

Por causa da luta de centenas de camponeses deslocados pelo paramilitarismo e que vivem na cidade em condições precárias e de marginalização, continuam a ser assassinados sistematicamente líderes da comunidade. No mês de Julho de 2008 foi assassinado Juan Jiménez Vertel, em Novembro Benigno Gil, líder de uns 1200 camponeses, e Jaime Antonio Gaviria. Alejandro Pino Medrano foi a primeira vítima de 2009 [1]. Todos eles camponeses que lutavam pelas suas famílias e pelas suas comunidades, pelo regresso às suas terras usurpadas pelos paramilitares.

Segundo o Governo Nacional, depois do processo de “desmobilização” dos paramilitares, criar-se-ia um mecanismo de devolução das terras, o qual não se traduziu num elemento expedito para a restituição. Pelo contrário, a resposta traduz-se em assassinatos sistemáticos dos líderes camponeses, enquanto que os territórios que pertencem legitimamente às comunidades continuam a estar nas mãos de ganadeiros e testas-de-ferro de paramilitares.

As organizações defensoras dos direitos humanos denunciam a autarca de Mutatá (Antioquia), María Luz Estrada Barrientos, como a autora intelectual da morte de um dos líderes assassinados: Benigno Gil. Segundo a Mesa Nacional Camponesa, «a autarca confabulou com o presidente Carlos González e o sargento Palacio Lemus, um par de sicários que contaminam a Polícia Nacional, estes delinquentes foram patrocinados por quem lhes ofereceu $600 milhões para executar o magnicídio do líder camponês, delinquentes ladrões de terras camponesas como os narco-para-ganadeiros Jaime Antonio Uribe Castrillón, Jaime e Juan Carlos Sierra, Jaime López Echeverri (aliás Jimmy), o comerciante de Mutatá, Jhon Jairo Molina (testa-de-ferro do paramilitar preso Elkin Castañeda), Adriano Palacio (aliás Negro Pino), um sicário de apelido Cantero, testa-de-ferro de narco-traficantes». [2].

A autarca considera sobre os camponeses que «o caminho por eles seguido para a recuperação de terras, é equivocado na medida em que desconhecem a institucionalidade». A pergunta a fazer segundo esta resposta é: Não é anti-constitucional não dar as garantias para o regresso às terras de camponeses desterrados e garantir a dignidade humana, a habitação digna, a saúde, a alimentação e a educação do campesinato, tão golpeado pelo paramilitarismo e pela parapolítica? Em declarações dadas ao jornal El Mundo, as organizações camponesas respondem perante os factos que «Os camponeses de Urabá estão tristes mas têm a coragem e a dignidade de continuar a lutar para recuperar as terras que estes seres da escuridão pretendem usurpar. Caminharemos avante inspirados no pensamento do nosso mártir Benigno Gil».

[1El Colombiano, Medellín, 27 de Fevereiro de 2009.

[2El Mundo, 27 de Fevereiro de 2009.