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Colômbia manifesta-se e rejeita brutalidade policial e massacres
No quadro do Dia Internacional da Paz, proclamado pela ONU em 1981, sectores sindicais e estudantis, comunidades, camponeses, activistas, dirigentes políticos e movimentos de mulheres exigiram mudanças radicais para lograr o cumprimento dos direitos humanos básicos.
Jornal Avante! / domingo 27 de Setembro de 2020
 

Convocados pelo Comité Nacional da Greve, milhares de manifestantes saíram às ruas da Colômbia, em Bogotá e outras cidades, na segunda-feira, 21, para protestar contra a violência policial, a perseguição e os assassinatos, e para exigir garantias de cumprimento dos direitos humanos.

«Rejeitamos o vandalismo e toda a violência, repudiamos a brutalidade policial, defendemos a democracia, a vida e a paz», afirmou Diógenes Orjuela, presidente da Central Unitária de Trabalhadores da Colômbia, sobre este dia de paralisação nacional. E enfatizou que o país necessita de novas e justas políticas.

No quadro do Dia Internacional da Paz, proclamado pela ONU em 1981, sectores sindicais e estudantis, comunidades, camponeses, activistas, dirigentes políticos e movimentos de mulheres exigiram mudanças radicais para lograr o cumprimento dos direitos humanos básicos.

«Direitos, Emprego, Paz. Não aos massacres e às privatizações», lia-se num cartaz empunhado por uma manifestante em Bogotá. Os participantes nas marchas fizeram-se transportar em automóveis, motas ou bicicletas, como medida preventiva no âmbito da pandemia de COVID-19.

Cali, Medellín, Barranquilla, Bucaramanga, Bogotá: as ruas da Colômbia encheram-se de pessoas em defesa da vida e manifestando-se, no meio da pandemia, da crise económica e do crescimento do desemprego, contra a governação do presidente Iván Duque.

Entre as reivindicações dos manifestantes, feitas em reiteradas ocasiões, está o cumprimento dos Acordos de Paz assinados em 2016, em Havana, entre o Estado e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP).

Os colombianos exigem o fim dos massacres, que só ao longo deste ano somam mais de 60, o fim dos assassinatos de líderes sociais, ex-guerrilheiros em processo de reincorporação, indígenas, jovens, mulheres e pessoas LGBTI.

As exigências incluem também a derrogação de um decreto governamental que estabelece uma «reforma» laboral visando implementar o emprego à hora e eliminar pensões, medida gravemente lesiva dos direitos dos trabalhadores.

Apesar dos apelos dos organizadores no sentido de uma jornada de manifestações pacíficas pela vida e a paz, numerosas pessoas, em várias cidades, denunciaram a repressão exercida pelo Esquadrão Móvel Anti-distúrbios (Esmad) nas marchas do dia 21.

Forças dessa unidade policial lançaram gases, fotografaram, agrediram e detiveram manifestantes, segundo meios de imprensa e utilizadores de redes sociais. No Twitter, o sítio Colombia Informa denunciou intervenções do Esmad na capital e em Medellín.

O assassinato de um advogado, Javier Ordónez, agredido brutalmente por agentes policiais, no dia 8, em Bogotá, tinha provocado uma onda de protestos populares, fortemente reprimidos pela polícia.

A senadora Victoria Sandino, do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum, denunciou que, na noite de 9, «a Polícia Nacional levou a cabo um massacre, deixando 13 pessoas assassinadas, 220 vítimas de violência física, 70 feridos por balas e 150 outros lesionados». E considerou que a Colômbia está submersa «numa profunda e gravíssima crise de direitos humanos que põe em risco a vida e a integridade dos colombianos e das colombianas».